quarta-feira, março 13

Aconteceu, bardo...

 Aconteceu... Não pensava que poderia acontecer... mas aconteceu. Eu senti saudade. Senti meu coração bater mais e mais rápido. Senti a tristeza sair do meu peito. E na minha roupa ficou o teu cheiro.

 Aconteceu...
Aquilo que eu tinha certeza que não iria acontecer... Aconteceu uma rosa na minha frente e um sorriso nos meus lábios. Aconteceu uma amizade cheia de cores e que não pensava no futuro. Vivia o presente como se fosse único. Como se fosse apenas nós.

 Me interessei, me envolvi e me droguei com seu jeito. Me apeguei demais ao que achei que fosse só brincadeira de dois jovens afim de uma boa companhia. Não ligava para comida, nem para o sono que me implorava atenção. Fui hipnotizada por esse frisson de sentimentos bons.

Mas aconteceu...
O óbvio aconteceu...
O seu sorriso na minha fotografia
Os seus olhos presos aos meus...
Aconteceu aquilo que eu não previa.

Me tornei uma dependente química e física que faz da carência minha abstinência e é aí que a mente deixa de funcionar. E eu transpiro, choro e grito. Eu tenho uma doença que não há como curar.
E essa droga me prendeu numa camisa de força que eu passei a gostar.
Uma sensação de individualismo agressivo passou a percorrer as minhas veias.
E um apego se infiltrou em mim.

 Esse apego que toda hora implora um chamego, um cafuné. Que deixa meu orgulho de castigo e faz de seu carinho, meu parque de diversão.


sexta-feira, março 8

Cartas ao Bardo.

   É quando eu olho para você que eu me reencontro e sei que nas suas iris eu sou. E termino essa frase no "sou" porque "estar" é um verbo de estado. Nosso encontro não foi algo passageiro, não depois de tantas batalhas para ficarmos juntos. Lembra? O destino é inexorável e eu nunca odiei tanto uma frase como essa...
  Mas eu sei que é de verdade. E que quando a saudade bate, meu coração pula só de ouvir o teu nome e meu corpo arrepia ao ouvir a tua voz. Parece bobeira mas você me afetou de diversas maneiras.
Parei de beber por beber, de ter crise de falta de ar, passei a gostar de bacon, a entender mais sobre política, a ter ciumes, a chorar por um filme, uma propaganda, chorar por nada. Passei até a dormir abraçada a um travesseiro ou um ursinho de pelúcia... passei a brincar mais com a minha criança interna que eu vejo toda vez que você olha para mim. E é aí que eu dou meu sorriso tímido e você beija a ponta do meu nariz.
   E mesmo com nossas brigas, um tanto dramáticas, dessas de filme italiano, você me cala com um beijo ou em me ponho a chorar. E aí nós vemos que nada disso vale a pena, a vida é curta demais para um filme como o nosso, terminar assim, do nada, feito um roteiro francês. É aí que você me abraça e beija a minha testa e eu trago seu corpo para mais perto de mim, até que nossas batidas cardíacas entrem em harmonia, para eu dormir eu seu peito. Meu cantinho de paz.
  Sempre disse que não era perfeita e nunca serei. Tenho mil defeitos e você conhece todos de cor, e quando faço algo que você já previa, você ri, e me faz sentir como se eu fosse apenas uma garotinha, que é grata por ter um super herói - anti herói (como ela gosta) que está sempre com a razão quando ela está apenas com a emoção. É, boboca... eu também sei o quanto te ensino, mas se eu reclamo de algo, é sempre para o teu bem. Te conheço como quem conhece a própria mão. Enumerei os seus, que seriam menores se eu não estivesse aqui me sentindo tão só.
  Aí chega a noite e o peito aperta por você não está aqui. Cada canto do meu quarto sussurra teu nome para mim. Até o Bran ronrona, perguntando por você. E o lençol da cama? não consigo nem dizer...
   Aquele cinema de maio de dois verões atrás, rendeu, meu branquelo. Aquele frio de cinema, a flanela no teu corpo e teu cheiro, formavam o cenário perfeito de um casal improvável para um filme que acabou de começar.
 

sexta-feira, fevereiro 22

Sonho sem Luz

   Eu queria poder voltar no tempo. Iria evitar tantas lágrima e tantas lembranças desastrosas e não iria mais sentir falta daquilo que eu nunca soube se era realmente meu. Eu queria... porque não quero realmente. Só digo isso da boca pra fora e escrevo aqui para ver se eu consigo poupar, ao menos um dedinho, o meu coração.
   Eu pensava ter me achado quando te encontrei. Montei um projeto sobre meu futuro com você na minha vida e agora, eu sinto um gosto azedo na boca. Gosto de decepção. Tentei largar de mão... tentei não me importar, desacreditei em mim. Deixei meu cais e nadei em direção ao seu drakar...
   E agora?
   Agora eu me perdi. E em mar aberto, eu fiquei. Gritei por socorro mas você não ouviu. Acenei mais você não viu. Estava ocupado demais tratando de seus assuntos pessoais. E então, se virou para o horizonte marítimo enquanto eu me afogava em silêncio e sozinha.
  Fiquei por lá, submersa, sem me importar em respirar. Sem saber te responder o que quero da vida ou o que eu espero dela. Me perdi nos teus olhos, no teu sorriso. E esqueci de mim. Esqueci de mim para ser de você. Fui algo que nunca soube o que fui. Talvez um sonho, daqueles que você não se lembra ao acordar... um sonho sem luz.




domingo, janeiro 13

Última para o bardo


É, meu bem, a nossa história acabou...E o que nos sobrou?
Um amor asfixiado, um sonho interrompido, um ego descontrolado.
Eu já não me lembro de como é viver sem ter o cheiro do teu corpo na minha cama ou de acordar sem te ver olhando para mim com teu sorriso bobo...

Não há como impedir as lágrimas de rolar quando eu olho para o mundo e vejo tanto de nós nele. E agora as boas lembranças perfuram meu pulmão, me torturam com cenas de nós dois. Risos, beijos e olhares...

E a esperança, uma jovem de pele clara e macia, de semblante frágil, que me põe a sonhar com um você mais você e menos ego. Ela me engana, me confunde, me faz imaginar algo que não existe. Ela me tortura, me faz gritar para mim mesma... eu me perdi.

Eu te pergunto, por que tanta insistência numa relação que tu mesmo não soube insistir? Teu ego massacrou a nossa aldeia enquanto você dormia e eu tentava te acordar enquanto a nossa casa pegava fogo... E o que foi feito das músicas desse bardo? Que tanto falavam de amor... o que foi feito com esse amor? Por que a melodia saiu do tom? Vou parar de pensar nisso, porque não consegui achar os motivos para o cálice cair e o vinho derramar...

quinta-feira, janeiro 10

Perfume Pluvial


Olha, a chuva que cai pra lavar a alma,
Para matar a sede da flor esquecida,
A chuva se joga lá do céu para te tocar,
Para te fazer feliz, minha menina.

Com os braços abertos no meio do jardim
Você ri um riso de criança
E então se vira e olha dentro de mim.

Sinto cheiro de terra,
Entrelaçado ao teu perfume
Que o vento carrega
Para me encantar.

E o teu cheiro na minha pele,
Estonteante e leve,
Me faz arrepiar.

terça-feira, janeiro 8

Confiança

   Uma duvida, um riso e então, insistência. Insistência para ver, sentir e suar. Em querer ser de um corpo, mais um organismo a mantê-lo vivo. Então,os pedidos. Pedidos para uma vida a dois, e com esses pedidos, sonhos. Roncados e acordados, esses sonhos ligados ao tic tac do relógio fazem o corpo tremer e suar. Nesse meio tempo, tantos beijos e abraços e conversas e corpos. Uma amizade crescendo em descompasso, borboletas inquietas e o coração descompensado. Louco para sair do peito. Em paz com ele mesmo.
   A tranquilidade e felicidade exorbitante ao ver um pedido aceito. Mas ainda há duvida nessa relação. Há medo de ter sonhado demais. Então ela evita aquelas três palavras com medo da meia noite chegar. Mas ele não as cansa de dizer. Entre cenas e cachorros quentes, eles admiram a companhia de seus olhos em seus olhos. Ela então as diz como se aquelas palavras estivessem tatuadas em seu corpo.    
   E o tic tac tictaqueia e o tempo passa devagar e eles vivem depressa demais, se esquecendo de apreciar o momento. Ela corre mas ele quer andar. Surge o desentendimento, as brigas, desculpas e frustrações. A competição por atenção. Quem está certo? Quem é o melhor? 
   Um erro seguido de outro erro. Briga, lágrimas, um orgulho ferido, um grito de tristeza emudecido. Uma amizade comprometida, um amor sem vida, uma confiança adoecida. E ela sonha, ela espera, ela chora e duvida. E o alicerce dessa casa? Sobrevive?

Independência e Liberdade

   Se eu perguntar o que é liberdade, o que é independência, o que você irá me responder? Existe um limite, uma situação específica para elas acontecerem? Até onde vai a liberdade de expressão, a independência financeira, pessoal? São perguntas complicadas para se responder assim, não é?

Não.

   Não são difíceis porque nem liberdade e nem independência existem. São apenas ilusões que nós projetamos em nossas vidas. Um ser não é independente porque todos dependem de cada um. Quando pequenos, nós dependemos de nossos pais. Quando crescemos, escolhemos a pessoa que irá caminhar ao nosso lado com confiança e amizade.



   Uma pessoa não pode viver sozinha porque no fundo, todo mundo quer ser amado. E não existe amor para apenas uma pessoa. Amor existe para ser confiado, dividido e multiplicado. Você depende de alguém para te ajudar, para te dar atenção, para dar aquele abraço quando você mais precisa. E não importa quem seja essa pessoa, contanto que ela exista. 
      Se você é dependente de alguém, está preso a essa pessoa e vai ter que saber controlar seus impulsos para cultivar essa relação mas sem perder seus direitos. Sua "liberdade" estará sempre comprometida à esse laço, e você irá procurar o laço mais forte em cada um. Você cuidará dessa pessoa como ela cuidará de você. Não importa quem sejam, quantos sejam ou aonde estejam. Há alguém que te ama muito e só quer te ver feliz.

   Então, vamos parar de tentar conquistar tal liberdade que não existe. Vamos fazer o resto do mundo compreender que ele só funciona se cada um tiver sua participação nele. De forma igualitária, é claro.